Perdi meu medo de escuro assim que eu aprendi a ascender à luz e confia no que encontraria ao abrir meu guarda-roupa. Aquela criança que não dormia em seu quarto sozinha, hoje dorme na lua sem a companhia das estrelas. Apaga os postes das ruas pela claridade refletida nos olhos.
Muitas vezes evitei ascender à luz por medo de ter ali dentro tudo o que eu realmente achei que teria. Meus monstros do armário estariam ali prontos para me abocanhar. Outras vezes não alcancei o botão por medo desses se alimentarem de luz.
Hoje quando precisei ascender à luz para ter a certeza dos monstros que em mim habitavam, tive a certeza do quanto à voz da minha mãe me acalma como musica.
“Apenas ascenda a luz que eles vão embora.”
Foi só fechar os olhos e acreditar que a luz ilumina até as sombras mais medonhas e distantes.
A canção de ninar que me embalava ao fundo me tranqüilizava, e aos poucos os monstros do armário iam fugindo da minha luz que cegou o sol da meia noite.
As vozes que me assustavam e me impediam de ouvir minha canção de ninar, era apena o som de seus estômagos famintos por escuridão.
Fechei a porta e tive a certeza que a única coisa que os alimentava era minha própria escuridão. Eles não se alimentos da minha luz, ela nada mais é que uma arma poderosa contra o medo de ganhar o mundo, de ter meu mundo de volta.
Eu as prendia debaixo da cama e alimentava esses monstros por anos a fio. Não abria os olhos da minha alma esse que me permitiam enxergar no escuro... Nem abria meus olhos de farol ao qual era o refletor maior.
E minha luz movida por amor e loucura é mágica... Ela faz os solitários das noites sentirem-se povoados e os esquecidos se lembrarem de abrir os olhos da alma...
Eu temia ligar minha luz por medo dela queimar e continuar a ficar na eterna escuridão, mas ela não queima nem se esgota se eu continuar a abastecer minha alma de fé.
Aquela fé na magia do meu mundo imaginário. Ao qual eu sou a heroína principal. A guerreira da luz.
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