Saudades de quando podia chorar e não parecer tola.
Saudades de cair e não parecer distraída.
Saudades de tomar banho de chuva, de brincar atardinha e ter a lua como guia.
Saudades das brigas pelos lugares na mesa com meus irmãos.
Saudades das festas de aniversários as quais a rua inteira estava presente.
Saudades das missas em família. Saudades dos terços rezados em casa e dos filtros quebrados.
Saudades do trajeto até a escola. Saudades do trajeto até a igreja.
Saudades da quadra, das salas onde estudei, dos lugares onde lanchava.
Saudades dos meus mestres, colegas, lugares favoritos que não dei adeus.
Saudades do meu quintal. Saudades da Pantera, do Pluto, do Maradona.
Saudades das bolinhas de betes perdidas nos quintais alheios.
Saudades dos brindes da Coca-cola, dos brindes da Marajá e da mesa de ping-pong.
Saudades da minha goiabeira, do jacoteira, da amoreira, do meu balanço.
Saudades de andar pelos muros, dos telhados, dos dedinhos sem tampa esmagados na parede.
Saudades do registro que usávamos como gol.
Saudades das redes armadas na garagem do Del-rey.
Saudades dos almoços, jantas, e comemorações da vizinhança.
Saudades de ficar sentada na calçada vendo a vida passar com minha melhor amiga falando da vida.
Saudade de andar descalça pelas ruas de chão batido.
Saudades de ficar sentada na calçada vendo a vida passar com minha melhor amiga falando da vida.
Saudade de andar descalça pelas ruas de chão batido.
Saudades dos almoços com as comadres, das vezes que me solicitavam para colher frutas.
Saudades da minha casa. Saudades da minha mãe, do meu pai, meus irmãos.
Saudades de sentir saudades sem me sentir culpada de ter perdido os mais belos momentos ao lado de quem eu amo e sinto muitas, muitas, muitas... Saudades.
Do que tenho mais saudades? Da minha mais bem vivida infância.